A Moça da Janela Ao Lado VII

Era noite fria de final de setembro, o aniversário da minha moça havia sido a dias. Como de costume, estávamos passeando pela praia, a praia dos nossos segredos e juras. Ela era alegre, divertida, às vezes mais do que eu. Eu estava devendo para ela um passeio, um tempo só para nós dois, pena que o dia escolhido não era o mais apropriado. Era o dia do meu jogo, peguei ela no lugar combinado, completamente suado, pobre moça.
Para falar a verdade, não era com isto que eu estava preocupado naquele momento. Eu queria somente aproveitar a minha menina, a minha moça da janela, daquela janela que nunca mais será a mesma sem esta nossa história. Ela me olhava e mudava surpreendentemente de cor, do vermelho para o rubro e isso, mais do que qualquer coisa me deixava completamente louco. Mas o que esperar de uma noite chuvosa, de frio, com ventos fortes que quase carregavam o carro? É claro, carregar a morena dos meus sonhos para o meu abraço, e cuidá-la e protegê-la, e mais algumas coisas que só duas pessoas, romanticamente falando é claro, podem sentir e viver. 
E beijo vai, e carinho vem, um suspiro silencioso encerrou aquela interminável troca de carinhos, e de calor. Calor, que esquenta, calor que aquece, calor que faz suar, calor que deixa o vidro do carro embaçado. Ah, eu estou narrando uma história, havia prometido não narrar, queria entregar a moça todos estes textos como um romance, daqueles que via minha mãe lendo quando era novo, e dizia ser coisa de ‘mulherzinha’. Lembrando do vidro embaçado, lembro também do circulador de ar que liguei durante aquele encontro. ‘Maldito’, acabou com a bateria do carro e o que falar para ela, que mesmo preocupada não tirou o sorriso por nenhum instante daquele lindo rosto. Depois de algumas horas, e da cidade inteira estar completamente vazia, resolvemos o problema, e ela mais uma vez me surpreendeu, me dando um beijo demorado no rosto enquanto eu começava a dirigir.
Mas não quero falar de problemas, nem deste acontecimento inédito e maluco com a moça. Quero mais uma vez dizer que ela me surpreende, que ela me encanta, e que eu já não tenho o que admirar. Sabe, começo de inverno me deixa cheio de idéias, aquela morena, que perfuma meus dias como o mais incrível aroma de Lírios, olhando comigo um filme, se preocupando com meu sono, me enchendo de carinhos. Prefiro guardar, esperar o friozinho gaúcho, as baixas temperaturas no ambiente, a alta temperatura naquele corpo.
Depois de um tempo, descobri que os meus medos, vem acabando ao poucos, e que o principal deles me surpreendeu mais do que ela. Eu sinto amor dentro de mim, um amor que já não cabe mais no peito e que não deixa nunca de sair pela boca, só para eu ver ela disfarçar um sorriso apaixonado. Eu tenho uma verdade na minha vida, que eu já não acreditava, bendito foi o dia que olhei para aquela janela, e que permiti viver uma louca aventura de amor. Ah, bendita seja aquela moça.
  
Emanuelle Freitas

P.S em especial, ao dia 23 de agosto de 2010, dia em que eu permiti o final para um história, que hoje se encaixa perfeitamente em minha vida.