terça-feira, 22 de junho de 2010

O Pescador de Amor


       Desde pequena, sempre fui muito apegada aos meus ‘avôs’. Tínhamos uma amizade invejável pelo resto da família, ‘Como esses três podem ser tão amigos?’ era a pergunta mais escutada nos almoços familiares. Éramos um grude só, companheiros pra tudo, sempre. O ‘vô’ Vero, como todos costumavam chamá-lo, tinha eu e as minhas manas de neta, já o ‘vô’ Donato, o mais ‘divertido’ que eu já conheci, tinhas mais 5 netos, mas eles quase não se viam, moravam longe. Hoje em dia, não tenho nenhum dois mais aqui comigo, foram para o céu, guiam meus passos e iluminam meu caminho lá de cima. Mas quando eu sinto saudade, lembro das tantas vezes que ficamos juntos, das vezes em que nos escondíamos, simplesmente pra deixar as ‘vós’ loucas, e sempre dizerem que eles, só sabiam me ensinar a bagunçar, dos acampamentos, viagens e pescarias. Lembro de uma, a mais especial.

       Era um domingo, como qualquer outro, a diferença é que estávamos a caminho do ‘Sítio do Vô Vero’, como era conhecido, e o encontro da família sempre era feito desta forma, nos encontrávamos sempre aos domingos, lá ‘fora’. Meus pais, a ‘vó’ e o ‘vô’ e eu, saímos cedinho da cidade, com mil e um planos. Eu e o ‘Vô’ Donato passamos a viajem toda de cochicho, e a ‘vó’ do lado, já estava uma ‘fera’. Ao chegarmos lá,o ‘Vô’ Vero, já nos esperava pronto pra pescar. Pegamos os apetrechos e seguimos contente rumo ao açude. Eu, por incrível que pareça, levava uma cesta de delicias, que a vó havia preparado pra nós. Era uma alegria total, um gritava mais alto que outro, até o ‘vô’ Donato, inventar de dizer que ele ia pegar o maior peixe o maior de todos que já haviamos visto, mas pra que que foi, o Vero ficou uma fera, ‘onde se viu uma coisa destas’ repetia furioso. Disse que não tinha como ser tão grande.
      Ao chegarmos lá, montamos nosso breve acampamento, montamos as linhas, os caniços e os três banquinhos. Começamos a pescar e finalmente os dois pararam de brigar por caua do tamanho do peixe. Passou uma, duas, três horas, quando eu vi um barulho estranho, tinha peixe na linha, peguei o primeiro. Eles sabiam que isso mais cedo ou mais tarde ia acontecer, sabiam que sempre fui sortuda pra pescaria. Mais umas horas e bateu a fome, com o grande silêncio, podiamos escutar o ronco de fome das nossas barrigas. Servi o Suco de Maracujá, o bolo de Laranja a Bolacha com Goiaba, tanta coisa boa, que até se distraíram. E foi nesta destração que a linha quase cortou o dedo do ‘vô’ Donato com uma puxada. ‘É peixe grande’, disse o ‘vô’. O Vero riu, disse o vô era um fiasquento, que não tinha peixe tão grande assim.
     Quando o ‘maledito’ saiu da água que podemos ver que era grande mesmo. Tinha uns 9kg, não acreditamos quando vimos o peixe,era lindo mesmo. Bem que ele disse que ia pegar o maior, e coitado do Vero, não pegou nenhum, indignado. Se aproximava a hora do almoço, e decidimos voltar pras ‘casa’. Enquanto voltavamos, admiravamos a paisagem daquele lugar, era primavera, e as flores coloriam o campo, roxas, rosas, amarelas, não importava a cor, deixavam tudo mais lindo, mais inspirador, fascinante. Quando chegamos em casa, guardamos os peixes, tomamos banho e fomos almoçar, já nos esperavam, e mais um dia de domingo foi incrivelmente feliz pra mim, mesmo com algumas ‘invenções’ de pescador.
      E hoje, quando eu lembro, deste e dos tantos outros dias que eu tive o maravilhoso prazer de passar ao lado deles, vejo a importancia que tinham. Foram grandes homens na minha vida, duas pessoas que me ensinaram as maiores lições que um dia eu pude aprender. Dois Seres Humanos, que lutaram até o ultimo momento para viver, porque gostavam e eram felizes. Como disse, me protegem de algum lugar do céu, e me incentivam cada dia, a ser uma pessoa melhor. Hoje são as minhas lembranças, e serão a minha eterna saudade.

P.S para os dois homens mais importantes na minha vida, 
Donato Martins de Freitas e Severiano Gonçalves Duarte.



Emanuelle Freitas Duarte

Nenhum comentário:

Postar um comentário