Por meados do ano de 1835, vivia na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, Manuela Maria Ribeiro. Moça bonita, de cabelos longos, olhos negros, pele clara e com um sorriso contagiante. Era prometia, desde pequena, a um rapaz de boa família, conhecida na região. Mesmo sonhando, como toda jovem, em encontrar um príncipe, nada mais podia fazer, a não ser aprovar o que havia sido imposto pelos seus pais. Pensava assim até conhecer Raphael Caetano da Silva, moço de belo porte, olhos claros e brilhantes, assim como o sol, e com uma sede de viver admirável. Ele vinha de família humilde, com algum pedacinho de terra, viviam basicamente da agricultura, e venda do charque. Estudou muito, e voltou da capital formado, em medicina, não trabalhava profissionalmente, apenas quando ia a casa ‘dos’ Ribeiro, para cuidar de alguém amolado pelo rigoroso frio do sul.
E foi exatamente, em uma dessas idas a charqueada, que cruzou seus olhos pela primeira vez, com os de Manuela, diziam os peões que estavam por perto, que foi a coisa mais linda que se pode ver. Depois daquele dia, nada mais seria igual, dois jovens, começando a viver um lindo e intenso amor. Amor proibido, pois a família Ribeiro não achava correto uma moça desmarcar um compromisso, assim, de uma hora para outra, principalmente por um encantamento, uma paixão, coisa de jovem, como diziam ser. Mesmo assim, passaram a se encontrar escondidos, na beira do rio, perto da cachoeira, todos os dias, onde passavam os melhores momentos, que somente quem ama, consegue entender. E em um desses encontros decidiram fugir, não se importavam nem com a guerra, que começava a eclodir no pampa gaúcho. Em uma manhã fria de agosto partiram, e deixaram apenas uma carta, onde tudo explicavam, partiram rumo a Piratini, iriam viver por um tempo indeterminado, no sitio de uns tios de Raphael.
Ficaram por lá, 4 meses, Manuela ajudava na casa e nos bordados, já ele ajudava o tio na lida, além de fazer consultas pelas redondezas. Os Ribeiro, sabiam do paradeiro da filha, e foram atraz, dispostos a voltar com os dois. E foi o que fizeram, ao se encontrarem, a família de Manuela, prometeu aceitar o amor dos dois, pois nada podiam fazer com um sentimento tão forte quanto este. Raphael e Manuela quando chegaram a Charqueda, foram correndo em direção ao rio, dois loucos amantes, tão novos, tão certos dos seus sentimentos.
Mas o final da história, ninguém mais soube contar, apenas disseram que os dois eram felizes. É injusto programar ou planejar um final para esta história, tão linda, tão verdadeira, tão cheia de viço. Se você quiser sonhar com o final, sonhe, pois todos que amam, tem criatividade suficiente para fazer um belo e empolgante. Quem ama, tem sempre uma inspiração, pois faz dela sua principal e maior razão de viver.
Emanuelle Freitas
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