Manhã fresca de principio de outubro, as folhas começaram a mudar de cor, o vento já trazia outro aroma, e eu caminhava mais uma vez para o meu destino de todas os dias. Era normal naquele horário ver poucas pessoas pela rua, normal também poder escutar o barulho dos meus passos quando pisava o chão. Eu carregava alguém no pensamento, carregava comigo ainda, a mesma moça de sorriso doce e olhos negros que um dia eu conheci, em um destes meus caminhos. A moça dos meus encantos, que hoje é minha, e que faz com que meu coração não pare de bater.
Estranho olhar ela, estranho lembrar a forma que eu a conheci, tão delicada, com sonhos saltando dos olhos, olhos que miravam algo que nem ela sabia onde estava. A moça que me causou sentimentos que jamais poderei explicar, que mexeu com alguma coisa em mim que talvez eu nunca descubra. Mas que me instigou e me surpreendeu com a facilidade com que ela sorri. Nenhuma janela será a mesma depois dela, nenhuma janela me provocara o instinto como um dia aquela me provocou.
A moça de pele morena que virou poema e canção, cabelos e olhos que formam o mais lindo contraste. A moça que embelezou certa vez a janela, sempre será a moça daquela janela. Talvez o tempo tenha a feito colocar mais os pés no chão, talvez até mesmo eu com essa minha vontade de lhe fazer todas as vontades, tenha afastado a magia daquele coração. Talvez os dias, os acontecimentos e oportunidades tenham feito ela diferente, momentaneamente, mas diferente. Eu sei, por ser este desatinado enamorado, que a moça dos meus sonhos mais ardentes ainda está ali, e sei que ela também sabe disso.
E hoje, depois de ter parado um pouco para pensar nela, e pensar em nós, tenho certeza que podemos nos reencontrar, no silencio dos nossos sonhos e nas palavras soltas dos nossos desejos. E se um dia, fiz a moça mais encantadora ser minha, e olhar para mim, mesmo tendo tantos outros lugares improváveis para olhar, sei que ela ainda é minha, e será assim enquanto os nossos corações se entenderem em pensamento, em olhares e sorrisos. E logo, quando em casa eu chegar, sei o que devo fazer, como fiz tantas vezes. Ela estará sentada no sofá, com seus pensamentos inimagináveis, eu lhe trarei rosas, que farão com que ela mude o pensamento e me olhe, me ofertará um mate, ou algo que esteja ao seu alcance, eu me aconchegarei em seus braços, pedirei e darei carinho, e nós, começaremos tudo de novo. Porque ali, naqueles corações, existe amor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário