A Moça da Janela Ao Lado III
Eu vi a ‘moça’ daquela janela hoje de novo, mas não fiquei feliz, porque ela não estava feliz. Lá fora, a chuva caia constantemente e formava um imenso rio na rua, as pessoas corriam tentando fugir de uma ‘quase’ tempestade. O céu escurecia, e o dia se transformara em poucos segundos noite. E nem a escuridão da tempestade foi capaz de apagar a luz dela, nem mesmo a tristeza que ela trazia naqueles olhos foi capaz de ser esquecida por mim. Esse mero admirador daquela beleza.
A chuva parecia sem fim, e aquela tristeza dela era cada vez mais sem explicação, a chuva caia, o dia passava, as coisas aconteciam, e ela sempre dava um jeito de aparecer na janela. E eu aqui, sem saber o que fazer.
Ela se escondeu por algumas horas, e a dor no meu coração parecia passar. Foi um alívio prematuro, pois ela voltou para a janela, mais triste e mais abatida, e a pior das cenas que este louco apaixonado pode presenciar, estava chorando. Chorava silenciosamente, e eu comparava as lagrimas dela as gotas da chuva que escorriam pelo vidro. Meu coração estava sufocado, e sem nenhuma ação, não conseguia desligar aquela imagem dos meus pensamentos.
Ela já faz parte dos meus dias, ela é alguém especial na minha vida, ela alimenta meu ego, me faz sentir vivo, realizado com a vida, me faz entender cada vez mais o porque que as pessoas tanto me dizem que ‘A vida é bela’. Por isso, tentei resolver, procurei por ela no teatro, a encontrei e combinamos de conversar, fomos ao cinema, e lá consegui desvendar mais um dos mistérios que me fazem a amar cada vez mais, que me inspiram e me enlouquecem.
Descobri por fim, que eram só magoas e decepções, as coisas que deixavam a minha ‘ moça’ triste daquela forma, coisas que aconteciam e que mesmo querendo não conseguia de forma alguma resolver. E quanto mais aconteciam, mais ela se entristecia e o coração sufocava.
Na semana passada, trocamos por mensagens lindas confidências, ela é incrível. O sol já havia se escondido por entre as nuvens que traziam a chuva, quase noite quando vi que havia recebido uma mensagem, que dizia que ela estava sentada na sacada de um sítio, olhando a lua, dizia que estavam cada vez mais perto. Bobo eu, imediatamente respondi com o coração batendo a mais de mil, que pela primeira vez estava louco de ciúme, por esta aproximação da lua com ela, porque na verdade minha vontade era estar lá com ela, e compartilharmos aquele momento. Queria poder ter ela em meus braços e sentir aquele calor de moça. Ao mesmo tempo queria sentir a tranqüilidade louca que ela tem, os sonhos e os desejos que me inspiram.
Em vez de ator, estou me tornando cada vez mais poeta, pelas coisas, pelos ventos, pelos dias, pelo sol, por tudo que é belo, ou por tudo que é triste. Pelas verdades que eu vivo com ela, e pelas muitas ilusões que eu já tive. Pelos amores, pelas dores, pelo oi, ou pelo tchau. Cada palavra que brinca naqueles lábios, cada som que insiste em sair daquela boca. O sorriso que encanta, o olho que brilha. Ah, aquela moça!
Emanuelle Freitas
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