sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Temporal de Santa Rosa



Lá fora se apruma o tempo
Temporal de chuva e vento
Carregando a escuridão
Cá dentro o mesmo alvoroço
O mesmo ar de retoço
De saudade e solidão

Minha vó cortava em cruz
Com machado e fé em Deus
Os perigos da tormenta
Minha vó - doce lembrança
Dos meus tempos de criança
Do jardim e da água benta

Os antigos professavam
Fim de agosto : “Santa Rosa”
Vem tropeando seus trovões
Não se cruza os alambrados
Que neles brincam os raios
Partindo ao meio os moirões

Lá fora o céu veio abaixo
E o vento reponta ao tranco
A tropilha do aguaceiro
Cá dentro o peito se acalma
Talvez prá forjar a lágrima
Que vai vir de sinuelo

Naqueles dias - me lembro
Minha mãe tapava espelhos
Com medo desses mandados
Trancava portas e janelas
Pois sendo chuva de pedra
O estrago vinha dobrado

Martim Cesar

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