roubando

Quem não compreende um olhar, também não compreenderá uma longa explicação.

O caçador de palavras
Igual a tantos nasceu
(Feito qualquer menino!)
Sadio e pobre cresceu
Bom de bola e ruim de tino!

Mas eis que assim de repente
Sem dar aviso ou sinal
Foi ficando diferente
Tal fosse preso de um mal

Um caçador de palavras
Um feiticeiro de rimas
Que sem ter asas voava
E sempre mais, céu acima

Foi se tornando outro Chico
Outro Vinícius... quem sabe?
Com esses dotes de circo
Tal qual moléstia incurável

Um descompasso no som
Uma linha curva nas retas
Que nunca teve outro dom
Foi tão somente poeta

Os pais – coitados – queriam
Um futuro de paz e sustento
‘Pois não se come poesia
E ninguém vive de vento’

Em sua cidade – tão quieta –
Seus pares lhe faziam pouco
‘Esse que dizem poeta
Jamais passou de ser louco!’

E era um simples menino
O caçador de palavras
Que cedo perdeu o tino
E, assim, sem asas... voava!

 

                                            Do blog do poeta Martim Cesar                       

                                      http://www.martimcesar.blogspot.com/