quarta-feira, 23 de março de 2011

Do Alto da Montanha de Chocolates

Não me deixe viver o que posso, 
                                        que me seja permitido desaprender os limites.

                                                          (Carpinejar)

segunda-feira, 21 de março de 2011

E agora que eu amo você, o mundo não precisa nunca mais girar. (Nando Reis)

A Moça da Janela Ao Lado VII


Era noite fria de final de setembro, o aniversário da minha moça havia sido a dias. Como de costume, estávamos passeando pela praia, a praia dos nossos segredos e juras. Ela era alegre, divertida, às vezes mais do que eu. Eu estava devendo para ela um passeio, um tempo só para nós dois, pena que o dia escolhido não era o mais apropriado. Era o dia do meu jogo, peguei ela no lugar combinado, completamente suado, pobre moça.
Para falar a verdade, não era com isto que eu estava preocupado naquele momento. Eu queria somente aproveitar a minha menina, a minha moça da janela, daquela janela que nunca mais será a mesma sem esta nossa história. Ela me olhava e mudava surpreendentemente de cor, do vermelho para o rubro e isso, mais do que qualquer coisa me deixava completamente louco. Mas o que esperar de uma noite chuvosa, de frio, com ventos fortes que quase carregavam o carro? É claro, carregar a morena dos meus sonhos para o meu abraço, e cuidá-la e protegê-la, e mais algumas coisas que só duas pessoas, romanticamente falando é claro, podem sentir e viver.
E beijo vai, e carinho vem, um suspiro silencioso encerrou aquela interminável troca de carinhos, e de calor. Calor, que esquenta, calor que aquece, calor que faz suar, calor que deixa o vidro do carro embaçado. Ah, eu estou narrando uma história, havia prometido não narrar, queria entregar a moça todos estes textos como um romance, daqueles que via minha mãe lendo quando era novo, e dizia ser coisa de ‘mulherzinha’. Lembrando do vidro embaçado, lembro também do circulador de ar que liguei durante aquele encontro. ‘Maldito’, acabou com a bateria do carro e o que falar para ela, que mesmo preocupada não tirou o sorriso por nenhum instante daquele lindo rosto. Depois de algumas horas, e da cidade inteira estar completamente vazia, resolvemos o problema, e ela mais uma vez me surpreendeu, me dando um beijo demorado no rosto enquanto eu começava a dirigir.
Mas não quero falar de problemas, nem deste acontecimento inédito e maluco com a moça. Quero mais uma vez dizer que ela me surpreende, que ela me encanta, e que eu já não tenho o que admirar. Sabe, começo de inverno me deixa cheio de idéias, aquela morena, que perfuma meus dias como o mais incrível aroma de Lírios, olhando comigo um filme, se preocupando com meu sono, me enchendo de carinhos. Prefiro guardar, esperar o friozinho gaúcho, as baixas temperaturas no ambiente, a alta temperatura naquele corpo.
Depois de um tempo, descobri que os meus medos, vem acabando ao poucos, e que o principal deles me surpreendeu mais do que ela. Eu sinto amor dentro de mim, um amor que já não cabe mais no peito e que não deixa nunca de sair pela boca, só para eu ver ela disfarçar um sorriso apaixonado. Eu tenho uma verdade na minha vida, que eu já não acreditava, bendito foi o dia que olhei para aquela janela, e que permiti viver uma louca aventura de amor. Ah, bendita seja aquela moça.
  
Emanuelle Freitas

P.S em especial, ao dia 23 de agosto de 2010, dia em que eu permiti o final para um história, que hoje se encaixa perfeitamente em minha vida.

Tudo pelo que não sinto.

Eu sinto muito, pelo dia que encontrei no abraço de alguém o meu conforto, e sinto por ter feito daquele abraço o começo de um sonho, que eu não mais acreditava.
Eu sinto por ter permitido idéias para o final daquela história.
Sinto por ter aceitado cada convite, cada passeio, cada brincadeira que passou despercebida e eu não soube agradecer.
Sinto por ter gostado daquele cheiro, que hipnotizou todos os meus sentidos, transformando-o em segundos nos meus desejos mais insanos.
Sinto por ter me deliciado com aquelas mensagens e com o carinho que tinha nelas, por mim.
Sinto por ter me encantado com aqueles olhos, aquela boca e aqueles beijos, que me faziam viajar por instantes inacabáveis e inesquecíveis.
Sinto muito, por ter me entregado a este amor, que é tão verdadeiro e tão bonito.
Sinto muito pelas coisas bonitas que digo, e pelas tantas outras que percebes apenas com meu olhar.
Sinto por ser tão especial este amor em minha vida, e sinto por fazer dele um refugio para todos os meus medos.
Sinto por aceitar teus conselhos e acreditar em tudo que dizes para mim.
Sinto por ver nos teus olhos o carinho que eu sempre sonhei.
Sinto por adormecer nos teus braços depois de um filme qualquer.
Eu sinto por adorar o teu sono e por sonhar tantas noites com ele.
Sinto tanto por ser incrível assim os dias e as horas, mesmo guardadas em segredo.
Eu sinto por ter me encontrado na tua verdade. E mais ainda, eu sinto tanto por te amar demais.

10/03/2011
Emanuelle Freitas

São Lourenço do Sul

Dez de março de dois mil e onze

Hoje é o começo de semana mais diferente de todos da minha vida, é tudo novo, mesmo sendo igual. Alguns dias depois da catástrofe que transformou a nossa cidade. Depois da maioria das famílias terem voltado para as suas casas e estarem aos poucos tentando reconstruir as vidas. Hoje é dia de relembrar, de ouvir os relatos dos colegas que se reencontraram e que passaram por situações parecidas e amedrontantes. Hoje é dia de começar a agradecer todo apoio que as outras pessoas deram, as pessoas que acolheram e que souberam abraçar em silencio, para tentar curar aquela dor. Depois de andar por dentro da casa e ver que fotos de infância guardadas com carinho e cuidado, roupinhas de bebê de três gerações, o primeiro sapatinho, a almofadinha da porta do quarto do hospital, bonecas e brinquedos, quinquilharias cuidadosamente resgatadas das etapas da vida. Agendas, livros e diários, caixas de cartas nunca entregues, presentes comprados e guardados como o mais sigiloso segredo. Segredos escondidos que foram revelados e não sofreram nenhum tipo de julgamento, tudo era compreensível naquela hora. Um único sorriso na hora da salvação de um anel de 15 anos, não pelo valor, mas sim pela importância, a lembrança do dia, do acontecimento. A lágrima que caiu sem nenhum esforço depois que uma foto guardada a sete chaves foi encontrada na quadra seguinte, naquela hora, as pessoas não estavam tão preocupadas com as casas mas sim com a importância da história de cada um. Hoje é dia de refletir sobre tudo que foi dito e foi prometido, e dia de perceber que quem me prometeu que tudo ia se ajeitar, confiava em mim, e sabia que eu seria forte e encontraria coragem em algum lugar para ajudar e para reconstruir. Depois do barro e da tristeza vem a solidariedade, recuperei minhas coisas, ‘organizei’ minha casa, e fui ‘ajudar’, ajudar quem perdeu mais do que eu, ajudar quem não foi abraçado, quem não foi acolhido, ajudar aquele que não encontrou força e nem coragem, e talvez isso tenha me ajudado ainda mais. Hoje é dia de unir-se ao outro, ao vizinho, ou morador da rua de traz, ao pescador, pedreiro, hoje é dia de toda a população unir-se ainda mais, temos uma cidade precisando de ajuda. Depois do susto, das perdas, das lágrimas e da dor, e hora de curar e sarar a beleza de nossa cidade, reorganizar ruas, árvores e toda uma estrutura a tão pouco concluída. Hoje é dia de recomeçar. Depois de todos estes dias, a única coisa que ainda acredito, é em uma frase de um poema, que diz: ‘Há coisas que tem valor, outras só tem preço’. 

Emanuelle Freitas

quarta-feira, 2 de março de 2011

A Cor dos Teus Olhos

Teus olhos e teu rosto mudavam de cor
Encabulados pelo elogio que te dei,
Teu corpo esquentava o meu
E a magia do teu ser invadia minha alma.
A escuridão daquela noite preservou em segredo
Os beijos, os carinhos e o teu jeito,
De sorrindo revelar o amor!

Emanuelle Freitas

terça-feira, 1 de março de 2011

Sinfonia de Sonhos

              a uma melodia que ousou invadir meu pensamento
  
Pelas estrelas da noite encontrei um sorriso,
Que levou ao paraíso de mistério e segredo.
Havia na troca de olhares um tanto de magia
Que eu inconseqüente não compreendi.

Foi o primeiro dos encontros que sonhei
Daqueles que me perdi ao fantasiar
O principio de uma imaginação
Iluminada pela a luz do luar.

A chuva caiu em melodia pelos teus lábios.
Tua música tocava agora para mim
Era sintonia de astros marcados
Por este poema quase sem fim.

Chegou trazendo canção e sinfonia
Que a tempos eu sonhava para mim
E em galáxias perdidas te encontrei
Em segredo para com teu sorriso eu sorrir.

                                                               Emanuelle Freitas